Do Arado ao Tablet: Onde Estão os Valores que Nossos Pais Construíram?

Do Arado ao Tablet: Onde Estão os Valores que Nossos Pais Construíram?
Publicado em 09/08/2024 às 10:09

Na década de 1950, muitos pais que hoje têm 60, 70 ou 80 anos de idade, chegaram a Quatro Pontes e à região Oeste do Paraná, vindos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Eles eram parte de grandes famílias que, com coragem e determinação, acreditaram no potencial deste chão. Os desafios que enfrentaram são difíceis de imaginar nos dias de hoje, mas são parte essencial da nossa história. Agradeço ao meu pai pelos relatos, pois o maior aprendizado de vida, vem do exemplo.

Naquela época, a vida era marcada por uma simplicidade que muitos de nós jamais experimentamos. As crianças iam para a escola a pé, muitas vezes enfrentando quilômetros de caminhada em dias de frio, calçando chinelos. A educação era diferente, os professores eram rígidos e os pais não hesitavam em disciplinar de forma severa. Quem não obedecia, apanhava. Hoje, essa abordagem é motivo de debate; alguns defendem a disciplina rígida, enquanto outros preferem métodos mais brandos. Mas quem está certo e quem está errado?

As brincadeiras eram ao ar livre, onde a liberdade e a criatividade reinavam. As crianças pescavam nos riachos, jogavam bola nos potreiros e comiam bergamota diretamente do pé. Era uma época em que os melanciais e milharais dos vizinhos precisavam se cuidar! A vida era simples, mas carregada de trabalho duro e valores sólidos. Os filhos aravam o chão, trabalhavam na terra, e cada um tinha seu papel na família. As famílias eram grandes porque cada par de mãos contava, e todos precisavam trabalhar duro. Lembro de meu pai falar, que ele tinha de atravessar a roça com um balaio de mandioca nas costas!

Hoje, as gerações são diferentes. As crianças têm menos responsabilidades e mais conforto. A tecnologia invadiu a infância, e as atividades ao ar livre foram, em grande parte, substituídas por jogos digitais. Os valores familiares mudaram, e com eles, a maneira como educamos nossos filhos.

Mas o que podemos aprender com aqueles tempos? Podemos voltar no tempo? Não. Mas podemos resgatar o espírito de resiliência, de trabalho em equipe e de valorização da família que guiou nossos pais e avós. Podemos ensinar nossos filhos a respeitar o esforço e o sacrifício, a valorizar o que têm, e a entender que, às vezes, é o trabalho duro e a disciplina que constroem o caráter.

Aos pais que deram um duro danado para criar seus filhos, que enfrentaram dificuldades inimagináveis e que nunca desistiram, deixamos nosso reconhecimento e gratidão. Vocês são exemplos de coragem e determinação. Que seu legado inspire os pais de hoje a educar com amor, mas também com a firmeza necessária para formar cidadãos que valorizem a família, o trabalho e o respeito ao próximo.

Que possamos aprender com o passado e construir um futuro onde os valores essenciais da vida em comunidade, do respeito à natureza e da importância da família sejam sempre lembrados e cultivados.

Feliz dia dos Pais, em especial ao meu paizão Afonso.

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O autor do artigo é Diego Francener, Diretor de Comunicação da Rádio Tropical FM de Quatro Pontes – PR. Tem formação internacional com Especialização em Coaching e Leadership pela Ohio University, nos EUA. É Jornalista com Especialização em Comunicação, Assessoria de Imprensa e Marketing. Especialista em Docência do Ensino Superior. É palestrante e consultor especialista em Desenvolvimento Pessoal. Tem experiência cultural em 11 países. Atualmente é acadêmico do 1° M.B.A em Inteligência Artificial do Brasil. Acumula bagagem com 21 anos de experiência na comunicação.