Atentado mata 40 pessoas na Rússia
O grupo Estado Islâmico-Khorasan é um braço afegão do grupo terrorista. Autoridades dos EUA tinham recebido informações sobre a presença do EI-K na Rússia e avisaram o governo de Vladimir Putin. Neste sábado (23) completa cinco anos desde que o Estado Islâmico perdeu seu último território na Síria.
O Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque que deixou dezenas de pessoas mortas e uma centena de feridos em uma casa de shows perto de Moscou, na Rússia, nesta sexta-feira (22). A informação de que o Estado Islâmico realizou o ataque foi divulgada inicialmente pela agência de notícias Reuters. O grupo assumiu a autoria pelo ataque em um canal do Telegram.
O ataque desta sexta foi o pior atentado na Rússia em 20 anos. Os cinco homens armados com metralhadoras e vestidos com roupas camufladas que abriram fogo contra homens e mulheres eram do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K, ou ISIS-K em inglês), braço afegão do grupo terrorista muçulmano que atua de forma regional.
Após o ataque, os Estados Unidos disseram que confirmaram a reivindicação de responsabilidade do EI-K no ataque em Moscou, segundo uma autoridade do país. Segundo uma autoridade dos EUA, o governo de Joe Biden alertou o país nas últimas semanas sobre a possibilidade de um ataque do grupo em território russo. A embaixada dos EUA em Moscou disse, no dia 7 de março, que terroristas tinham planos para atacar grandes aglomerações de pessoas em Moscou –inclusive shows– e pediu para que os cidadãos americanos na Rússia evitassem esses locais.
A Rússia é considerada inimiga do Estado Islâmico, porque o governo de Vladimir Putin apoia o governo de Bashar Al-Assad, da Síria. Neste sábado (23) completa cinco anos desde que o Estado Islâmico perdeu seu último território na Síria, a vila de Al-Baghouz. Na ocasião, em 23 de março de 2019, as Forças Democráticas da Síria, assistidas pela Coalizão Global liderada pelos Estados Unidos, assumiram o controle do local.
O grupo foi reconhecido formalmente pelo comando central do EI no ano seguinte à sua instalação no nordeste do Afeganistão, nas províncias de Kunar, de Nangarhar e do Nuristão.
Também estabeleceu células em outras áreas do Paquistão e do Afeganistão, incluindo Cabul, segundo monitores da ONU.
O grupo massacrou civis nos dois países em mesquitas, santuários, praças e até hospitais, além de ter executado ataques contra muçulmanos de alas que considera hereges – em particular os xiitas. Em agosto de 2019, o EI-K reivindicou a autoria de um atentado contra os xiitas durante um casamento em Cabul que deixou 91 mortos. As autoridades suspeitam que o grupo foi o responsável por um ataque, em maio de 2020, que chocou o mundo. Homens armados abriram fogo na maternidade de um bairro de maioria xiita de Cabul. Nele, 25 pessoas morreram, entre elas 16 mães e recém-nascidos
. Nas províncias em que está presente, o EI-K deixou marcas profundas. Seus homens mataram a tiros, decapitaram, torturaram e aterrorizaram os moradores, deixando minas por todos os lados. Além dos bombardeios e massacres, o EI-Khorasan não conseguiu controlar nenhum território na região e sofreu grandes perdas nas operações militares talibãs e americanas.