Farinha envenenada causou a morte de três pessoas no Rio Grande do Sul

Farinha envenenada causou a morte de três pessoas no Rio Grande do Sul
Publicado em 07/01/2025 às 8:51

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul divulgou informações sobre a morte de três pessoas da mesma família por conta do envenenamento de um bolo em Torres, no litoral norte do estado. Uma mulher foi presa temporariamente neste domingo (05) por suspeita de ser a responsável pelo crime ocorrido no 23 de dezembro de 2024. 

A motivação pode ser a desavença familiar de mais de 20 anos atrás envolvendo a suspeita presa, Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli dos Anjos, 60 anos, uma das vítimas que está internada.

Morreram Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, e Maida Berenice Flores da Silva, 59, filha e irmã de Neuza, respectivamente.

Os investigadores confirmaram a presença de arsênio em amostras de sangue das vítimas. Arsênio é o elemento químico que dá origem ao arsênico, veneno comercializado como, entre outras opções, pesticida.

Durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (6), a polícia civil divulgou informações que indicaram a desavença familiar de mais de 20 anos entre Deise Moura dos Anjos e as vítimas. A polícia não revelou detalhes sobre a desavença.

“Foram identificadas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas, tão elevadas que são tóxicas e letais. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior”, diz Marguet Mittman, diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP).

A acusada foi levada para o Presídio Estadual Feminino de Torres e responderá por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.

CONFRATERNIZAÇÃO 

Três pessoas morreram após consumir o bolo: as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.

 Zeli dos Anjos, de 60 anos, que preparou o bolo está hospitalizada em estado estável. A criança de 10 anos que também comeu o bolo recebeu alta na sexta-feira. E o marido de Maida comeu o bolo, foi hospitalizado, mas já teve alta.

A polícia encontrou a farinha contaminada em Arroio do Sal onde Zeli preparou o bolo e depois levou para Torres, onde confraternizou com a família. 

O delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso disse que, inicialmente, o caso foi tratado como situação de intoxicação alimentar, mas evidências durante as investigações indicaram que se tratava de uma ação premeditada para que o bolo fosse contaminado.

A diretora do IGP informou ainda que foram analisadas 89 amostras em materiais encontradas na casa da suspeita e identificada concentração altíssima de arsênio em uma farinha. “As provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio, a fonte de ingestão de arsênio foi o bolo e a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa em Arroio do Sal”, disse.

A Polícia CIvil ainda aguarda a exumação do ex-marido da mulher que fez o bolo morreu em setembro por intoxicação alimentar. A morte não foi investigada pela polícia, por ter sido considerada natural. Agora, a polícia abriu inquérito sobre o caso e pediu exumação do corpo.