Segurança nas redes: CEOs de big techs participam de audiência nos EUA
O Comitê Judiciário do Senado dos Estados Unidos questionou os CEOs de cinco grandes empresas de tecnologia sobre possíveis danos das redes sociais em adolescentes e falhas na proteção a esse público nas plataformas nesta quarta-feira (31).
Por um lado, as redes sociais têm sustentado que seus produtos são seguros e que empoderam pais e crianças a decidirem por si como usá-las de forma responsável. Por outro lado, defensores da segurança online dizem que essa resposta é insuficiente. Eles se baseiam na crescente preocupação não só com o efeito nocivo das redes sobre usuários jovens, mas com a forma com elas podem levá-los à depressão ou até mesmo ao suicídio.
O que os CEOs das big techs disseram
O comitê convidou os seguintes executivos:
- Evan Spiegel, CEO da Snap;
- Jason Citron, CEO do Discord;
- Linda Yaccarino, CEO do X;
- Mark Zuckerberg, CEO da Meta;
- Shou Zi Chew, CEO do TikTok.
Confira abaixo os destaques da audiência tensa com os CEOs:
CEOs da Meta e Snap pedem desculpa
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, levantou-se para pedir desculpas às famílias, na sala de audiência, que perderam jovens por conta das redes sociais. “Lamento por tudo pelo que todos vocês passaram”, disse ele. “Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram e é por isso que investimos tanto e vamos continuar fazendo esforços em toda a indústria para garantir que ninguém tenha que passar pelas coisas que suas famílias tiveram que sofrer.”
O CEO do Snap, Evan Spiegel, também pediu desculpas às famílias cujos filhos morreram após comprarem drogas por meio do Snapchat. “Lamento muito que não tenhamos conseguido prevenir essas tragédias”, disse Spiegel, antes de detalhar alguns dos esforços que a empresa faz para proteger os jovens usuários.
O “lado obscuro” das redes sociais
As empresas de mídia social criaram produtos com lado positivo e lado obscuro “grande demais para conviver”, disse o senador republicano Lindsey Graham. Enquanto as empresas em questão não forem responsabilizadas pelo dano que causam, Graham advertiu que não haverá mudança.
Relação entre TikTok e China sob holofote
O CEO do TikTok, Shou Chew, foi questionado várias vezes sobre a conexão da empresa com a China, por meio de sua empresa-mãe, ByteDance, e o nível de acesso e influência que a plataforma concede ao governo chinês. O Projeto Texas (que ainda enfrenta desafios) também foi citado algumas vezes.
Chew disse ao senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, que foi “coincidência” ele ser nomeado CEO da plataforma um dia após o fundo de investimento em internet da China do Partido Comunista Chinês comprar uma participação de 1% na principal subsidiária chinesa da ByteDance, obtendo um assento no conselho da subsidiária.
Todo contra big techs de redes sociais
A audiência desta quarta demonstra, novamente, a amplitude das críticas às empresas de mídia social entre os legisladores, um raro tópico bipartidário – isto é, no qual democratas e republicanos concordam – no Capitólio. Apesar do apetite de ambos os partidos para atacar as plataformas, o Congresso ainda não aprovou legislação significativa para regular as empresas em questão. A maior parte da ação ocorreu nas legislaturas estaduais e nos tribunais, que se tornaram campos de batalha para novas políticas, incluindo idades mínimas para acesso às redes sociais.