Como retorno de foguete da SpaceX para base pode tornar voos espaciais mais baratos

Como retorno de foguete da SpaceX para base pode tornar voos espaciais mais baratos
Publicado em 22/10/2024 às 6:28

voo da Starship, a nave mais poderosa do mundo, no último domingo (13), pode ter sido um passo para reduzir o intervalo entre voos espaciais e, assim, torná-los mais baratos.

Em feito inédito, a SpaceX, do bilionário Elon Musk, conseguiu trazer de volta para a plataforma de lançamento o primeiro estágio da nave, o foguete Super Heavy — o mais poderoso da história.

Com 70 metros de altura, 9 metros de diâmetro, ele foi capturado ainda no ar, usando os braços mecânicos da estrutura conhecida como Mechazilla.

Musk espera que, no futuro, a nave em si também possa ser totalmente recuperada (ela se separa do foguete depois de alguns minutos e segue seu curso sozinha para o espaço, até voltar à atmosfera terrestre). No domingo, a cápsula (sem tripulação) chegou a pousar no Golfo do México, mas explodiu logo depois.

O objetivo final é que esse conjunto (foguete e nave) possa ser colocado para voar de novo quase imediatamente depois de completar uma viagem.

“Essa é a bifurcação na estrada do destino que permitirá que a humanidade se torne uma civilização multiplanetária”, disse Musk.

“A reutilização total e imediata com propelente [combustível] de baixo custo significará um custo marginal por tonelada aproximadamente 100 vezes melhor que o do Falcon [outro foguete, menor, da SpaceX], que já é 10 vezes melhor que o do Shuttle [os ônibus espaciais, da Nasa]”, afirmou.

A redução de custos passa principalmente pelos fatores abaixo.

  • 💰 Fabricação menos custosa: atingida ao simplificar componentes dos foguetes;
  • 🚢 Economia com transporte: quando o foguete pousa direto na base de lançamento, a empresa diminui gastos e tempo para trazer o veículo de volta em relação ao pouso no mar, por exemplo. “Tem um custo de ir lá buscar. Se o foguete volta sozinho, sai muito mais barato”, explica Annibal Hetem, professor de propulsão espacial do curso de engenharia aeroespacial da Universidade Federal do ABC (UFABC);
  • 🛠️ Economia com manutenção: ao usar a plataforma de lançamento para “abraçar” o foguete no pouso, é possível reduzir impactos na base do foguete e, assim, diminuir a manutenção. “Com redução de custos e danos ao veículo, é possível reutilizá-lo mais vezes”, diz Antonio Dourado, coordenador do curso de engenharia aeroespacial da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Entenda a manobra de retorno do foguete Super Heavy — Foto: Arte/g1

Entenda a manobra de retorno do foguete Super Heavy — Foto: Arte/g1

Como o foguete volta para a base?

Na missão de domingo, o Super Heavy se desacoplou da Starship minutos após a decolagem, depois de alcançar cerca de 70 km de altitude. A cápsula continuou voando pelo espaço até pousar no Oceano Índico, cerca de uma hora após o lançamento.

Starship, da SpaceX, é lançada pelo foguete Super Heavy neste domingo (13) — Foto: Kaylee Greenlee Beal/Reuters

Starship, da SpaceX, é lançada pelo foguete Super Heavy neste domingo (13) — Foto: Kaylee Greenlee Beal/Reuters

Após se separar da nave, o foguete começou o movimento que o levaria de volta para o solo. Como o lançamento tem a forma de um arco, o Super Heavy subiu mais 26 km, praticamente na horizontal, até começar sua descida, onde atingiu quase 4.400 km/h.

Ao se aproximar da Mechazilla (o sistema que vai agarrá-lo na base de lançamento), com velocidade de cerca de 200 km/h, o foguete ligou os seus motores principais e laterais, para ter mais controle da descida.

O pouso terminou 7 minutos depois do lançamento, com os braços mecânicos da plataforma “abraçando” o veículo.

“Não tem marcha ré em foguete, isso que a SpaceX fez foi equilibrar o peso. O que faz descer é o peso, a gravidade, de uma forma controlada”, diz Hetem.

“A dificuldade principal desse tipo de coisa é saber previamente a dinâmica do veículo. O que foi feito foi simulado milhares de vezes, tudo é pré-calculado”, completa Dourado.

A manobra inédita, que teve sucesso logo em seu primeiro teste, foi celebrada até pela concorrência. A Blue Origin, de Jeff Bezos, parabenizou a SpaceX.

O que já tinha sido feito antes?

A SpaceX já consegue há alguns anos pousar o foguete Falcon em plataformas terrestres e marítimas. Mas o veículo é menor e tem uma estrutura na base que facilita o pouso e torna o pouso mais fácil do que o do gigantesco Super Heavy.