Silêncio nas Conquistas, Barulho nas Quedas: Uma Análise da Psicologia Humana sobre o desastre aéreo

Silêncio nas Conquistas, Barulho nas Quedas: Uma Análise da Psicologia Humana sobre o desastre aéreo
Publicado em 13/08/2024 às 9:39

A trágica queda do avião que partiu de Cascavel, PR, e caiu em Vinhedo, SP, vitimando 62 pessoas, é uma daquelas fatalidades que tocam profundamente o coração de todos. O sentimento de perda e a dor são imensuráveis, e é natural que tragédias desse porte gerem comoção e manchetes em todos os cantos do país e fica nossas mais sinceras condolências a todos que perderam seus entes queridos. No entanto, essa tragédia também nos leva a uma reflexão mais ampla sobre a natureza humana e a maneira como tratamos as quedas, tanto das máquinas quanto das pessoas, em contraste com os momentos de sucesso.

É curioso como o ser humano tende a focar desproporcionalmente nos fracassos e nas quedas, sejam elas de aviões ou de indivíduos. O noticiário, muitas vezes, se torna um retrato dessa inclinação: manchetes sobre desastres, crimes e quedas pessoais ocupam mais espaço do que as histórias de sucesso, superação e triunfo. Por que isso acontece?

Uma das razões pode ser a natureza psicológica e social do ser humano. O fracasso, a queda, e o desastre despertam emoções intensas, como o medo e a tristeza, que são poderosos gatilhos de atenção. Além disso, há um elemento de surpresa e quebra de expectativa; um avião cair é algo tão raro e chocante que imediatamente se torna o foco de discussões e reflexões.

Da mesma forma, as quedas pessoais—erros, fracassos, escândalos—são frequentemente mais discutidas do que os sucessos. Isso ocorre porque a queda de alguém muitas vezes proporciona um contraste drástico com a imagem que temos dessa pessoa, criando uma narrativa que é fácil de consumir e difícil de ignorar. Existe também uma certa projeção de nossas próprias inseguranças e medos nesses momentos; ver alguém “cair” pode, de certa forma, proporcionar um alívio momentâneo para nossos próprios receios de falhar.

No entanto, essa tendência de focar no negativo, nas quedas, vem com um custo social e emocional elevado. Quando a sociedade enfatiza mais as falhas do que os sucessos, criamos um ambiente onde o medo de errar supera a vontade de tentar. Isso não só desencoraja a inovação e o progresso, mas também cria uma cultura de julgamento constante, onde a compaixão e o apoio são substituídos pela crítica e pelo escárnio.

Então, como podemos mudar esse comportamento? A mudança começa com a consciência. Precisamos conscientemente escolher celebrar as decolagens e os pousos bem-sucedidos da vida—os momentos em que as pessoas vencem, superam obstáculos e realizam suas metas. Ao invés de focarmos apenas nas quedas, podemos adotar uma postura mais equilibrada, onde reconhecemos os desafios e os erros, mas também valorizamos e amplificamos os momentos de sucesso.

No dia a dia, isso pode se manifestar em pequenos gestos: elogiar um colega por uma tarefa bem feita, celebrar as conquistas dos outros com a mesma intensidade que comentamos sobre seus fracassos, e, sobretudo, mostrar empatia quando alguém enfrenta uma queda, ao invés de julgar. Assim, começamos a construir uma cultura que valoriza tanto o processo quanto o resultado, que reconhece que o sucesso é feito de pequenos passos bem-sucedidos e que cada decolagem e pouso merece ser celebrado.

Nesse sentido, a reflexão que a tragédia do avião nos traz vai além do incidente em si. Ela nos convida a repensar como lidamos com as quedas e os sucessos na vida, incentivando-nos a ser mais conscientes, mais empáticos e mais equilibrados em nossas interações diárias. Dessa forma, podemos transformar nossa cultura em uma onde tanto os pousos quanto as decolagens sejam dignos de nota.

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O autor do artigo é Diego Francener, Diretor de Comunicação da Rádio Tropical FM de Quatro Pontes – PR. Tem formação internacional com Especialização em Coaching e Leadership pela Ohio University, nos EUA. É Jornalista com Especialização em Comunicação, Assessoria de Imprensa e Marketing. Especialista em Docência do Ensino Superior. É palestrante e consultor especialista em Desenvolvimento Pessoal. Tem experiência cultural em 11 países. Atualmente é acadêmico do 1° M.B.A em Inteligência Artificial do Brasil. Acumula bagagem com 21 anos de experiência na comunicação.