Todo mundo tem inveja do que você tem, ninguém tem inveja de como você conseguiu

Todo mundo tem inveja do que você tem, ninguém tem inveja de como você conseguiu
Publicado em 19/09/2024 às 14:30

A frase “Todo mundo tem inveja do que você tem, ninguém tem inveja de como você conseguiu”, dita por Jimmy Carr, carrega uma crítica contundente sobre um dos sentimentos mais presentes na natureza humana: a inveja. Ao observarmos essa afirmação, somos levados a refletir sobre a tendência comum de admirarmos os resultados e, ao mesmo tempo, ignorarmos ou minimizarmos os esforços e sacrifícios necessários para alcançar esses resultados.

O sentimento de inveja surge, em grande parte, de comparações. Vivemos em uma sociedade onde constantemente observamos o que os outros possuem e o que conseguiram, seja nas redes sociais ou no convívio diário. Ao nos depararmos com os bens materiais, realizações profissionais ou relacionamentos felizes de outras pessoas, a primeira reação, muitas vezes, é o desejo de ter o mesmo. Queremos a aparência de sucesso, o carro novo, a casa dos sonhos, o reconhecimento, mas raramente nos perguntamos sobre o caminho percorrido para chegar lá.

A origem da inveja pode ser complexa, mas em sua essência, ela nasce da insatisfação com o próprio estado. Quando sentimos que nos falta algo – seja material ou imaterial – e vemos essa “falta” preenchida na vida de outra pessoa, a inveja floresce. Esse sentimento é intensificado em uma cultura que valoriza mais o “ter” do que o “ser”. Vivemos cercados de histórias de sucesso e conquistas, mas raramente ouvimos sobre as dificuldades, o fracasso, as noites mal dormidas e as renúncias que alguém precisou enfrentar para conquistar aquilo que invejamos.

Essa superficialidade no olhar para o sucesso alheio faz com que desejemos os resultados, mas desprezemos o processo. O caminho percorrido, muitas vezes árduo e doloroso, é algo que não invejamos porque não queremos vivê-lo. Não queremos passar pelas mesmas privações, falhas, frustrações e aprendizados. É como ver um atleta no topo do pódio e invejar sua medalha de ouro, mas ignorar os anos de treino exaustivo, as lesões e os fracassos que ele precisou enfrentar até aquele momento.

Um exemplo notável disso é a trajetória de Elon Musk, fundador da Tesla, SpaceX e outras empresas inovadoras. Hoje, muitos invejam a fortuna de Musk, seu estilo de vida extravagante, e o status de visionário, mas poucos se lembram de sua jornada repleta de fracassos e sacrifícios. Musk enfrentou momentos críticos em sua carreira, incluindo quase falir após investir grande parte de sua fortuna pessoal em suas empresas, enquanto o mundo apostava contra o sucesso da Tesla e da SpaceX. Ele passou anos sem ter certeza se essas empresas iriam sobreviver, e trabalhou incansavelmente, muitas vezes com jornadas de trabalho extremamente longas e estressantes. O que vemos hoje é o sucesso, mas o que esquecemos é o sofrimento e a resiliência que o levaram até esse ponto.

Assim como no caso de Jeff Bezos, as pessoas frequentemente invejam a riqueza e as realizações de Elon Musk, mas dificilmente desejam viver o árduo processo que ele atravessou para chegar onde está.

Além disso, há um aspecto psicológico nessa questão: invejar o processo de alguém implicaria reconhecer as dificuldades e as lutas alheias, algo que vai contra a tendência de simplificar o sucesso como algo “fácil” ou “dado”. Se olharmos de perto, talvez perceberíamos que muitos dos que alcançaram grandes feitos não tiveram privilégios, mas sim persistência. E isso é desconfortável, porque nos coloca frente à nossa própria falta de ação.

A citação de Jimmy Carr é, portanto, um convite à reflexão sobre o valor que damos ao esforço e à jornada, e sobre como nosso desejo pelo resultado alheio pode mascarar o entendimento profundo sobre o que realmente significa conquistar algo.

Pergunta Reflexiva: Será que estamos dispostos a viver o processo que leva ao sucesso, ou preferimos apenas o brilho dos resultados?

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O autor do artigo é Diego Francener, Diretor de Comunicação da Rádio Tropical FM de Quatro Pontes – PR. Tem formação internacional com Especialização em Coaching e Leadership pela Ohio University, nos EUA. É Jornalista com Especialização em Comunicação, Assessoria de Imprensa e Marketing. Especialista em Docência do Ensino Superior. É palestrante e consultor especialista em Desenvolvimento Pessoal. Tem experiência cultural em 11 países. Atualmente é acadêmico do 1° M.B.A em Inteligência Artificial do Brasil. Acumula bagagem com 21 anos de experiência na comunicação.