Casais: dois projetos, um propósito

Um dos maiores desafios dos casais hoje é equilibrar sonhos individuais com os projetos a dois. O amor não pede que um desapareça para que o outro brilhe, nem que o casal vire uma fusão sem identidade. Erich Fromm já dizia que o amor maduro é a união de duas liberdades que se escolhem todos os dias.

O risco está nos extremos. Quando um abre mão de tudo, a frustração se acumula em silêncio. Quando cada um corre apenas atrás do próprio interesse, o relacionamento perde a força do “nós”. Prosperar juntos é aprender a apoiar sem anular, a ceder sem se anular, a vibrar com a vitória do outro sabendo que ela também fortalece o casal.

Filósofos e estudiosos como John Gottman mostram que por trás da maioria dos conflitos está um sonho não reconhecido. Quando o parceiro entende o valor que aquele sonho carrega — identidade, propósito, história de vida — a discussão muda de tom. Já Esther Perel lembra que a chama do desejo precisa de espaço, e isso inclui respeitar a individualidade de cada um.

O segredo está no equilíbrio: em alguns momentos, o seu sonho terá prioridade; em outros, será o do parceiro. O importante é que exista reciprocidade, diálogo e clareza sobre limites e apoios. Afinal, todo projeto cobra tempo, energia e dedicação — e quando isso não é falado, vira cobrança implícita.

Casais que prosperam não tentam ser metades que se completam, mas duas pessoas inteiras que escolhem caminhar lado a lado. Apoiar os sonhos individuais é, no fundo, fortalecer o sonho coletivo: construir uma história em que cada conquista pessoal amplia o legado dos dois.